O Partido Socialista assegura que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder em Angola, está 'consciente' da posição do partido que agora lidera o Governo em Portugal sobre as relações com aquele país dos PALOP (Países Africanos de Língua Portuguesa) e que 'não confunde' com os posicionamentos do Partido Comunista Português (PCP) ou do Bloco de Esquerda. A posição foi assumida este sábado, em Luanda, pelo secretário de relações internacionais do PS, Porfírio Silva, que falava à margem do encerramento da segunda reunião anual do conselho da Internacional Socialista, organizada pelo MPLA. 'Nós estamos interessados em continuar a melhorar as relações entre Portugal e Angola. As relações entre os Estados e os povos são importantes quer para os angolanos que vivem em Portugal quer para os portugueses que vivem em Angola. Há centenas de milhares de portugueses que fazem a sua vida neste país e essa realidade, além de ser histórica entre os dois países, é de toda a actualidade e que nos queremos, acreditamos e sabemos que vai continuar a ser de melhoria constante', apontou Porfírio Silva, citado pela agência Lusa O dirigente português manteve contactos, à margem desta reunião da Internacional Socialista, com dirigentes do MPLA, para troca de informações sobre a situação política em ambos os países, nomeadamente a constituição de um Governo liderado pelo PS com o apoio parlamentar do PCP, aliado histórico do MPLA, e do Bloco de Esquerda, crítico do Executivo angolano. O Governo socialista liderado por António Costa foi empossado na quinta-feira, em Lisboa, e inclui uma luso-angolana (Francisca van Dunem - ministra da Justiça), facto aplaudido em Angola, por Portugal ter quebrado um 'tabu' com a escolha de uma mulher negra, Francisca van Dunem, para o Governo, para ocupar o cargo de ministra da Justiça. 'É sabido que há partidos em Portugal que têm posições diferentes sobre esta matéria, o MPLA está perfeitamente consciente disso, sabe perfeitamente qual é a nossa posição, não confunde a nossa posição nem com a posição do Partido Comunista Português, nem com a posição do Bloco de Esquerda', afirmou Porfírio Silva. O dirigente e membro do secretariado nacional recordou que 'também é sabido', e o MPLA mostrou ter 'perfeita noção disso', que mesmo dentro do PS 'há vozes que não estão sempre concordantes com o nosso posicionamento tradicional nesta matéria'. 'Temos a perfeita noção de que num país democrático isso é normal e que o que há é que ir avançando, tendo as conversas necessárias para fazer aquilo que é preciso fazer', acrescentou Porfírio Silva, referindo-se às posições e partidos 'diferentes' que agora suportam o Governo em Portugal. O secretário-geral do MPLA, Julião Mateus Paulo 'Dino Matrosse', disse na sexta-feira, à margem da reunião da Internacional Socialista, esperar que o novo Governo socialista português 'mantenha relações boas' entre os dois Estados. As relações entre os dois países voltaram a viver momentos conturbados nos últimos meses, com críticas de Angola à ingerência portuguesa no caso dos 17 activistas que estão a ser julgados em Luanda por actos preparatórios para uma rebelião e um atentado contra o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, pelas críticas e pedidos de libertação destes jovens. A forma como foi alcançado um novo Governo de esquerda em Portugal, liderado pelo PS, foi um dos temas que motivou o interesse dos partidos representados nesta reunião do conselho da Internacional Socialista, realizada entre sexta-feira e sábado em Luanda. O aprofundamento do combate ao terrorismo, às ingerências externas em África ou o fim de conflitos militares e o reforço do apoio humanitário aos refugiados foram temas em destaque nesta reunião, que adoptou ainda uma declaração que enaltece a liderança do MPLA, que 'caminha de forma determinada para a consolidação da democracia, do Estado de direito, assente no respeito pelas liberdades fundamentais dos cidadãos.
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