Renamo ameaça vingar-se de ataque contra comitiva de Dhlakama

A Renamo ameaçou hoje vingar-se do ataque de sábado contra a comitiva do seu líder, Afonso Dhlakama, acusando Filipe Nyusi de ter dado ordens para um alegado atentado. "A Renamo vai usar tudo o que estiver ao seu alcance para se vingar da tentativa directa para assassinar a pessoa mais querida dos moçambicanos e que dedicou a sua vida para devolver a dignidade ao povo moçambicano. O povo vai reagir para repor a justiça", afirmou hoje, em conferência de imprensa, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, sobre o ataque de sábado, na província de Manica. Questionado se a Renamo irá recorrer à força para responder ao suposto atentado contra o seu líder, o secretário-geral do principal partido de oposição assinalou que é do domínio público que o partido tem armas, mas frisou que "a reacção será à medida dos ataques das Forças de Defesa e Segurança moçambicanas". Este posicionamento, enfatizou Bissopo, "não é uma declaração de guerra, mas que fique claro que a Renamo irá reagir política e sabiamente". Manuel Bissopo acusou directamente o chefe de Estado de ter dado ordens para assassinar Afonso Dhlakama, imputando ao ministro da Defesa, Salvador Mtumuke, e ao Chefe do Estado-Maior General, Graça Chongo, conivência no suposto plano. "A Renamo acredita que o general [Eugénio] Mussa [comandante do ramo do Exército das Forças Armadas de Defesa de Moçambique], natural de Nampula, em frente da operação que visava matar o líder da Renamo, tenha recebido ordens directas de Filipe Jacinto Nyusi. Acreditamos que o ministro da Defesa e o chefe do Estado-Maior General sejam coniventes", acusou Bissopo. "Uma vez que as autoridades têm estado a desmentir a autoria do atentado, exigimos que haja uma investigação séria e imparcial e que haja responsabilização do chefe do Estado-Maior General, bem como do comandante do Exército", declarou o secretário-geral da Renamo. O principal partido de oposição acusou o comandante do ramo do Exército de ter executado o plano da alegada tentativa de assassínio de Afonso Dhlakama, supostamente cumprindo orientações superiores que levava de Maputo. "Para o efeito, um grupo de Polícias da República de Moçambique juntou-se a 20 militares alinhados pelo general Mussá. Os 20 militares pertencentes às Forças Armadas de Defesa de Moçambique são todos provenientes do lado das ex-Forças Populares de Libertação de Moçambique, braço armado da Frelimo", acusou Manuel Bissopo. O secretário-geral disse que 12 membros das Forças de Defesa e Segurança foram mortos e cinco ficaram feridos durante a perseguição movida aos atacantes pela guarda de Afonso Dhlakama, remetendo para o Governo provas desta alegação. Bissopo acrescentou que três membros do braço armado da Renamo ficaram feridos, um, vítima de bala, e dois, quando saltaram das viaturas em que seguiam, referindo que o partido cuidou da sua saúde sem necessidade de levá-los para o hospital. A Polícia e a Frelimo já rejeitaram qualquer envolvimento no ataque e a força política no poder descreveu-o como "uma simulação". Em relação às provas das baixas dos atacantes e à divulgação das imagens que o partido recolheu no local, mais uma vez Manuel Bissopo remeteu explicações para o Governo. O ataque, testemunhado pela Lusa no local, aconteceu em Chibata, junto do rio Boamalanga, quando a comitiva de Dhlakama regressava de um comício em Macossa e se encaminhava para Chimoio, capital de Manica. A guarda da Renamo respondeu aos tiros e entrou no mato em perseguição dos atacantes, que jornalistas, militares da Renamo e o próprio Dhlakama no local identificaram como elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) das forças de defesa e segurança. Mais tarde, Dhlakama atribuiu à Frelimo a "emboscada planificada" de que foi alvo, afirmando que, para ele, é "como se não tivesse acontecido nada".

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