O GENERAL Gilbert Diendéré, autor do golpe de Estado que interrompeu durante uma semana o processo de transição no Burkina Faso, reconheceu, na quarta-feira (23), ter cometido "um grande mal". "O grande mal foi fazer este golpe de Estado porque hoje, quando se fala de democracia, não se pode permitir ainda acções deste tipo", deplorou Diendéré durante a cerimónia de reinstalação do Presidente de transição Michel Kafando, que havia sido sequestrado por suas ordens. O homem de confiança do ex-Presidente burkinabe Blaise Compaoré, derrubado a 31 de Outubro de 2014, por uma revolta popular, explicou que "isso ocorreu por algumas razões que evocamos na nossa declaração na altura". "Quando vimos o que aconteceu (a 31 de outubro de 2014), percebemos que o povo não era favorável a isso (projecto de lei para permitir a Compaoré obter um terceiro mandato presidencial), então abandonámos o poder simplesmente. Acho que tirámos boas lições", disse. Pelo menos uma dezena pessoas morreram e mais de 100 feridas na quase uma semana de golpe do Regimento de Segurança Presidencial (RSP), cuja dissolução é mais do que uma necessidade actualmente, segundo o Primeiro-Ministro, Yacouba Isaac Zida. "Pessoalmente, não tenho medo. Assumirei plenamente a minha responsabilidade. Não vou negar que houve mortos durante eventos e responderei eventualmente quando me fizerem perguntas", prometeu o general Diendéré. O Presidente burkinabe da transição, Michel Kafando, sequestrado pelos golpistas, foi reinstalado nas suas funções na quarta-feira (23) pelos chefes de Estado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). Entretanto, o antigo opositor a Compaoré e candidato à próxima eleição presidencial Bénéwende Sankara convocou a população a manter uma “resistência activa” até à “rendição e dissolução" do RSP.
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